Integração Cearense Veja Fotos de Cid ao lado Zezinho Albuquerque e Raimundo Filho e Mauro Filho

O governador do Ceará, Cid Gomes, do PSB, deve ter um dos melhores desempenhos desta eleição. De acordo com o último levantamento do instituto Datafolha, ele conquistaria hoje o segundo mandato com 58% dos votos. O referendo nas urnas pode ser empanado por uma investigação da Polícia Federal (PF). Ela compromete não só sua reputação como a de seu irmão, o deputado Ciro Gomes, do mesmo partido. Entre os documentos que embasam a investigação, estão 27 gigas de memória de um computador que pertence ao empresário Raimundo Morais Filho. Na máquina, apreendida em dezembro de 2009, Morais Filho armazenou 79.000 arquivos nos quais descreve em detalhes a atuação de uma quadrilha que, entre 2003 e 2009, desviou 300 milhões de reais de prefeituras cearenses. De acordo com esses arquivos, dos quais VEJA tem cópia, o esquema de corrupção tinha até nome: "Integração Cearense", uma alusão ao Ministério da Integração Nacional, ocupado por Ciro Gomes de 2003 a 2006. O cinismo não tem limites no Brasil. Durante sete anos, o trambique funcionou da seguinte forma: o Ministério da Integração Nacional repassava recursos a prefeituras do Ceará, que licitavam obras e serviços. As concorrências eram dirigidas para que fossem vencidas pelas dezessete empresas de Morais Filho. O empresário apropriava-se de 4% do valor do contrato e repassava o resto da verba ao deputado estadual Zezinho Albuquerque (PSB), o principal articulador político de Cid Gomes na Assembléia Legislativa. O dinheiro era recolhido por Maria Lúcia Martins, uma assessora parlamentar de Zezinho, presa em junho. Uma vez recebida a mufunfa, Zezinho a mandava às prefeituras. Estas, por sua vez, realizavam as obras ou serviços que haviam licitado com qualidade inferior à exigida nos contratos. O dinheiro que sobrava era reunido em um caixa dois que, segundo os arquivos de Morais Filho, custeou as campanhas de Cid a governador e de Ciro a depurado, em 2006. Pelos dados do computador, descobre-se que Zezinho continuou a operar o esquema depois que Ciro deixou o Ministério da Integração Nacional. De 2007 a 2009, o dinheiro que as prefeituras repassaram ao caixa dois saía dos cofres do governo de Cid Gomes. Integração cearense. A maracuraia gigante foi descoberta acidentalmente pela PF em 2009, durame uma investigação de fraudes cometidas por uma das empresas de Morais Filho em Eusébio, município da Grande Fortaleza. Em dezembro daquele ano, as autoridades decretaram a prisão temporária do empresário e capturaram seu computador. Os arquivos de Morais Filho serviram de base para uma segunda operação, deflagrada em abril deste ano. Acuado, o empresário redigiu um relato minucioso sobre os crimes da quadrilha. Pretendia usar esse documento, do qual VEJA também tem cópia, para negociar com o Ministério Público Federal um acordo de delação premiada e reduzir sua pena em caso de condenação. Ele inicia o texto de catorze páginas em tom dramático: "Estou tomando o cuidado de registrar os fatos porque acredito que minha vida poderá ser ceifada por aqueles que antes eram meus parceiros". Depois, narra os acontecimentos em ordem cronológica. Contatado por VEJA, Morais Filho se diz indignado por estar sob ameaça de prisão enquanto Cid e Zezinho lideram a corrida eleitoral. "A pancada só vem em piranha, mas com os tubarões ninguém faz nada." Contou também que está sendo ameaçado. "Mandaram me avisar que, se abrir a boca, morro", relatou. O empresário foi acometido de pânico depois que a delegada federal responsável pela investigação, Laurélia Cavalcante, foi atropelada por um automóvel não identificado, enquanto se exercitava nas ruas de Fortaleza. Um inquérito apura se Laurélia. que se recupera das lesões, foi vítima de um acidente ou de um atentado. Procurado por VEJA, Zezinho diz desconhecer o teor das investigações da Polícia Federal e afirma que não é alvo do inquérito. Por meio de sua assessoria, Ciro Gomes afirmou não conhecer Morais Filho. Jamais fiz com ele ou com qualquer outra pessoa essa sórdida prática que estão querendo me imputar, declarou. Cid Gomes assegura que nunca cometeu ilicitudes em eleição e lembra que todas as suas contas de campanha foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. Anotado Por: Autor(es): Leonardo Coutinho Veja - 20/09/2010 Extraído do Clipping Seleção de Notícias (Mais Detalhes Veja)