
Em tempos pretéritos, por estas e outras bandas, os cabarés preenchiam as noites escuras e a vida de guerras e disputas por terras e poder dos ilustres e poderosos senhores feitos à imagem e semelhança dos Sá trapas da Pérsia antiga. Nessas casas de prazeres relaxantes reuniam-se as brilhantes, expoentes e financeiramente poderosas figuras da sociedade de então e, em meio a esses momentos de afeto (a luxúria fica para o andar superior) os assuntos da república e dos interesses dos grupos dominantes eram discutidos. Século se passou, mas a História, como diz a máxima popular, tende a se repetir, caso a experiência não tenha servido como lição para evitar erros, fracassos e caminhos tortuosos. Na bela Califórnia, EUA, também há corrupção, mesmo sendo o país um gigante econômico. Seus parlamentares igualmente sofrem da síndrome da locupletação indevida do dinheiro público. A diferença entre aqueles e esta terra tropical refere-se a punibilidade. Se comprovado o delito, o político americano cumpre pena, além de uma vultosa multa. É o caso do deputado Randy “Duke” Cunningham, que está recolhido a uma penitenciária com sentença de oito anos de reclusão e teve seus bens leiloados com o objetivo de que o resultado das vendas retorne aos cofres públicos para benefício do povo. Os americanos podem ser imperialistas, mas não são coniventes com seus pares que se desvirtuam da finalidade proposta à sociedade. Na terra que tem palmeiras continua o inferno astral. O parlamento nacional, em descrédito absoluto, parece aprofundar a cova onde depositará dezenas de nomes no próximo processo eleitoral, salvo se os eleitores assumirem que o crime compensa e a corrupção é do processo governamental do país Brasil ou que se está vivendo um período de cleptocracia. Tudo vai depender dos que crêem e ainda professam valores éticos e morais. Durante o período eleitoral cada cidadão correto e honesto terá o dever de esclarecer o incauto, o desavisado, o ingênuo, para que não se repita a degeneração, a fraude e o desequilíbrio ético, moral e social que estamos assistindo. Tem-se visto a Constituição da República como letra morta. Nem mais adianta avocar os artigos que estão em total descumprimento, ferindo de morte princípios basilares Vivemos a alegoria da caverna, no mundo das sombras de crenças e ignorância. Que fizemos com o país Brasil? Pois que não se culpe a ninguém, senão a nós mesmos pela hedionda omissão. Jorge Gerdau Johann Peter, em recente palestra terminou sua alocução com este texto: “Se a sociedade civil não pressionar os políticos, eles continuarão trabalhando por interesses corporativos. A questão é política. A sociedade precisa reagir. Falta indignação”. A casa-da-mãe-Joana, lugar em que todo mundo manda e faz o que bem entende, nunca esteve tão próxima de nós. Conta a história que Joana, uma linda e inteligente mecenas de Avignon, posteriormente rainha de Nápoles, dá origem a expressão. Lá pelos idos da Idade Média, depois de umas conspirações comuns entre os nobres, Joana foi obrigada a se refugiar em Avignon após ter sido acusada de participação na morte do marido. Extravagante, regulamentou os bordéis da cidade determinando que todos tivessem uma porta para entrada geral identificando que o local estava aberto a qualquer um. A expressão, levada a Portugal, veio parar no Brasil século e pouco depois. Hoje está no topo do sucesso, para desgraceira de todos nós.
Profª, Socióloga, acadêmica de Direito – Alegrete, RS
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