Dificuldades para os petistas

Todos os caminhos que se abrem hoje, em direção à sucessão estadual do próximo ano, conduzem para uma aliança reunindo o PSB do governador Cid Gomes com o PSDB do senador Tasso Jereissati, estando no grupo o DEM, antigo PFL, hoje comandado no Estado pelo empresário Francisco Feitosa, o PMDB do deputado Eunício Oliveira, o PP do deputado padre José Linhares e o PTB do deputado José Arnon. Estes partidos reúnem aproximadamente 90% das Prefeituras cearenses e perto de 70% do tempo reservado à propaganda eleitoral no rádio e na televisão, patrimônios que qualquer candidato a cargo majoritário persegue. O PT, primeiro aliado do governador em 2006, não há dúvida, será bem-vindo a essa aliança, querendo. Diferentemente da disputa estadual pretérita, os petistas não são mais tão importantes para a empreitada do governador em 2010. Além de não ter um Lula candidato à presidência, o partido não cresceu o suficiente, nas eleições municipais de 2008, para, com autoridade, impor condições na formação das alianças.O governador não fala sobre uma sua candidatura à reeleição. Promete fazê-lo em abril do próximo ano. Naquele momento, o quadro nacional já estará de todo definido, e por certo o deputado Ciro Gomes figurará como um dos candidatos à sucessão presidencial. Vice Ciro, disputando a presidência da República, óbvio, não tem o PT espaço no palanque de Cid Gomes, para que os seus filiados defendam o nome da correligionária Dilma Rouseff. Os petistas sabem disso, mas não estão se preparando para este desfecho. Os quadros da agremiação, nos dias atuais para uma disputa majoritária, com perspectiva, estão reduzidos a Luizianne Lins, a prefeita que, por ter um vice-prefeito que não a acompanhará em um embate contra o governador, está, de certa forma, inviabilizada para a disputa. Em abril vindouro, se antes não houver se dado o rompimento, o governador deve chamar a prefeita Luizianne Lins para conversar sobre a sua sucessão. Ela estará na condição de presidente estadual do partido e vai dele ouvir a proposta para marcharem unidos mais uma vez. Ele por certo sugerirá que o PT indique novamente o professor Pinheiro para ser o candidato a vice-governador, e ao fazê-lo já estará deixando implícito que não aceitará para ser seu companheiro de chapa qualquer um que o partido indique. Vetos Luizianne não vai ter chance de "dar o troco", impondo um nome para ser o vice do governador como ele fez ao indicar o nome de Tin Gomes para ser o vice-prefeito. Ela fez tudo para escantear a indicação, mas como a necessidade de ter o apoio de Cid era muito maior que as suas resistências, digeriu-a. O governador, hoje, não necessita tanto de um candidato a vice, obrigatoriamente indicado por Luizianne, daí estar em condições de impor vetos, o que por certo desapontaria a prefeita e a estimularia a ter um motivo outro para romper a aliança, diga-se, por ser real, eminentemente pragmática. Ademais, se o fato de uma candidatura de Ciro impedindo de os petistas pedirem votos para Dilma, no palanque de Cid, aliado à decisão do governador de não aceitar qualquer nome petista para ser o seu vice não forem suficientes para o PT sair da coligação majoritária, ainda haverá a imposição de que o PT só poderá ter um nome na chapa majoritária.
Diario do Nordeste
EDISON SILVA
EDITOR DE POLÍTICA