
O Brasil é um país que ao longo de sua história sofreu enormes desfalques no patrimônio público, sempre assaltado por quadrilhas empenhadas em drenar recursos de forma ilegal, gerando corrupção, enriquecimento ilícito e o esvaziamento de recursos essenciais que fazem falta no atendimento à população. Não por acaso, o epicentro dos grandes escândalos financeiros é localizado na política, principal foco de atenção de especuladores e "especialistas" em desvio de verbas. São décadas de operações fraudulentas que dilapidaram os orçamentos, em contornos de impunidade e acobertamento, colocando o País entre os mais destacados em indicadores de corrupção e péssima gestão administrativa pública. O episódio mais claro e evidente do nível em que o Brasil se afundou em ações criminosas deste naipe foi a crise política deflagrada com o mensalão, quando a opinião pública em geral foi apresentada de forma explícita a um esquema articulado dentre os governos municipais e estaduais para a sangria de verbas de estatais e manipulações ilegais de orçamentos.O desdobramento do caso do mensalão que ainda não gerou nenhuma prisão mesmo três anos depois, culminou com a espetaculosa prisão do banqueiro Daniel Dantas, do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, esses apenas os mais destacados envolvidos na operação da Polícia Federal. Ora, não há nada a dizer a não ser repudiar completamente as atitudes de José Roberto Arruda, que já havia se envolvido no passado com atividades escusas, quando foi um participante minoritário do escândalo da violação do sigilo do painel eletrônico do Senado, e ressaltar que a posição do Governador é, hoje, insustentável. O que assombra mais que o desbaratamento do esquema criminoso e o envolvimento de figuras proeminentes é o fato de que as ações acontecem há tempos, todos os citados têm histórico de denúncias graves de crimes como os mencionados agora, e continuaram operando com larga margem de segurança no sistema financeiro. É sério constatar a gravidade institucional provocada pelo desdobramento da ação, com o Judiciário se contrapondo em decisões de prisão e soltura sucessivas, desmoralizando-se e mostrando uma fragilidade inadmissível. Ainda mais grave é constatar a nefanda proximidade desse esquema com a estrutura política brasileira, criando dutos dentro de organismos oficiais, com a facilitação e complacência dos governos, que se beneficiam dos resultados. É o simulacro de uma quadrilha que comanda o País, escondida nas trincheiras da impunidade e dos arranjos políticos, zombando de todos os demais brasileiros que trabalham e investem para gerar riquezas que são espoliadas sem-cerimônia à vista de um sistema de segurança que só é acionado nas conveniências momentâneas. Por: Henrique Junior