Uma pesquisa feita em mais de cem escolas brasileiras constatou que entre os casais adolescentes são muito comuns às agressões com gestos, palavras ou violência física. "Seu moleque... Você é ridículo!". É teatro... Mas até parece realidade. Uma pesquisa feita com mais de três mil estudantes entre 15 e 19 anos revela que nove em cada 10 jovens que namoram praticam ou sofrem variadas formas de violência. A agressão verbal é a mais frequente. Nas dez capitais pesquisadas, 85% dos jovens disseram que costumam xingar, desprezar, magoar o parceiro usando as palavras e a maioria não têm consciência que se comporta assim. "A consciência é feita muito passo a passo com os sentimentos e, às vezes, os sentimentos eles passam, atravessam as palavras. Então eu fico com raiva e não sei de quê", comenta Sócrates Álvares, psicólogo. Hugo e Louise, ele 18, ela 16 anos, namoram há um ano e meio. Temperamentos opostos rendem várias brigas por semana. “Dia sim, dia não", diz o casal. "Geralmente a agressão parte quando um ou outro não se sente amado. A violência é a expressão da incapacidade de se sentir amado. Se eu não posso me sentir amado por essa ou esse que eu escolhi, então quero vê-lo machucado", explica o psicólogo. Louise reconhece. "A gente se xinga, mas não é muito pesado. Às vezes chamo ele de preguiçoso, ele me chama de chata. A gente machuca mesmo um ao outro. Como é duro pra mim ouvir crítica, por exemplo, eu acabo chorando", diz Louise Dias, estudante. E Hugo confessa. “Eu já tive vontade de te bater várias vezes... Eu fico sentado me controlando pra não te dar um tapa pra você calar a boca. Mas mesmo na hora da briga eu tenho consciência que se eu fizer isso, que pode ser prior e que a gente pode perder um ao outro”, declara Hugo Barbatti, estudante. "As situações de violência verbal são pré-condições pra violências maiores no futuro", alerta o psicólogo. Os pais têm papel fundamental e devem propor conversas francas sobre os relacionamentos afetivos dos filhos. "Esse acompanhamento dá para o adolescente o sentido de que ele é amado e de que ela é amada", alerta o psicólogo. - “Onde vai terminar esse namoro?”, pergunta a repórter. - “Não sei”. - “Numa separação ou no altar?”. - “Tomara que seja no altar”. - “Eu espero que sim”. Fonte: Jornal Hoje