Albanesa de 113 anos gasta pensão em tabaco e café

Tane Koleci viu duas guerras mundiais e é mais velha que o próprio Estado albanês. Aos 113 anos, a albanesa Tane Koleci viveu em três séculos diferentes, viu o fim de impérios, passou por duas guerras mundiais e presenciou a queda da Cortina de Ferro. Atualmente, Tane vive na miséria, com uma ajuda do governo de R$ 48 (20 euros) ao mês, que ela gasta em tabaco e café. A certidão de nascimento diz que Tane nasceu em 10 de julho de 1896, no povoado de Derjan, no norte da Albânia, o que a torna mais velha do que o próprio Estado albanês, fundado em 1912, após conquistar independência do Império Otomano. A centenária albanesa foi testemunha da história país balcânico, desde o domínio turco, o reinado de Ahmet Zogu, a chegada do comunismo e, finalmente, a democracia. No entanto, todas essas experiências não lhe proporcionaram conforto em sua velhice. Ela vive em uma casa que fica em um vasto pântano, cheio de lodo e lixo ,situado nos arredores da cidade litorânea de Durrës. Quase surda e com dificuldades de visão, Tane passa grande parte do dia deitada em uma cama, o único móvel de seu quarto, que não tem aquecimento ou luz elétrica. Com um lenço preto na cabeça e vestida com uma blusa e calças escuras, Tane se levanta apenas para ir ao banheiro e caminha até a porta para aproveitar os raios de sol. É quase impossível se comunicar com ela, apesar do esforço de seus familiares, que compreendem sua forma de se comunicar. A idosa surpreende, no entanto, por sua vitalidade quando cumprimenta os visitantes com um enérgico aperto de mão. Mexhid Koleci, primo de Tane, que cuida da idosa junto com sua mulher, Zahide, de 72 anos, explica que a idosa ainda quer muito viver: Há um mês, ela teve pressão alta e enjôos que duraram três dias. Com os olhos cheios de lágrimas, nos suplicava para que chamássemos o médico. Tinha medo de morrer. Tane não sofre nenhuma doença. De vez em quando lhe damos um remédio para dormir, nada mais. Logo depois de acordar, a mulher centenária toma quatro xícaras de café sem açúcar, e outras quatro ao longo do dia. Seus amigos mais próximos são um velho cachimbo e uma caixa metálica, presente de seu marido, Veli, falecido em 1971, onde guarda o tabaco. Tane começou a fumar escondido quando era menina. Atualmente, fuma dez cachimbos por dia, o que equivale a quase um quilo de tabaco por mês. Para frustração Koleci, todo o pouco dinheiro que a idosa ganha do governo é gasto no vício: Os 2600 leks (R$ 48) que Tane recebe de ajuda social todo mês são gastos em tabaco e café. Por outro lado, durante sua longa vida, Tane respirou o ar puro do monte e se alimentou bem. Nunca bebeu uma gota de álcool. Na infância, ficou órfã e teve uma vida dura: tinha que acordar cedo, arar a terra, pastorear o gado e carregar lenha e panelas de água até sua casa. Casada aos 26 anos, não teve filhos, e sua única irmã morreu quando era pequena. Durante muito tempo, Tane viveu abandonada na aldeia até que Koleci e Zahide lhe deram teto, há três anos, em sua casa no pântano. "Copyright Efe - Todos os direitos de reprodução e representação são reservados para a Agência Efe."