Estrondos e clarões marcaram a madrugada e a manhã de ontem. Culpa dos 3.270 raios que caíram por todo o Estado. Segundo o Sistema de Monitoramento de Descargas Atmosféricas, da meia-noite de quarta até as 12 horas de ontem, as regiões Norte e Sul do Ceará foram as mais atingidas. Granja foi o município onde houve maior quantidade de raios, 320. Em seguida, vem Bela Cruz, com 253, e Acaraú, com 170. A capital cearense registrou 15 raios, mas só 12 milímetros de chuva. Os dados são obtidos pela Companhia Energética do Ceará (Coelce), por meio de um programa desenvolvido pela Universidade Estadual do Ceará. A auxiliar de informática Alane Pereira, 36, foi uma das muitas pessoas que acordaram assustadas na madrugada de ontem. ``Não teve como dormir tranquila depois com os clarões e barulhos provocados pelos raios e trovões``, diz. A quantidade de raios ontem foi bem superior à média deste ano. De janeiro até esta última quarta-feira, o sistema apontava 12.359 raios no Ceará. Com os raios de ontem, agora são 15.629. O aumento significativo na incidência de raios na madrugada e manhã de ontem é justificada pela formação de nuvens tipo cumulus nimbus. De acordo o meteorologista Paulo Barbieri, essas nuvens se caracterizam pelo grande desenvolvimento vertical, contribuindo para a ocorrência de raios e trovões. E estão cobrindo todo o Ceará. A previsão é de mais raios para os próximos dias. Por isso, é importante redobrar os cuidados. O capitão Giuliano Rocha, da equipe de vistoria do Corpo de Bombeiros, alerta para a manutenção anual dos para-raios. Prédios com altura superior a 12 metros ou áreas construídas superior a 750 metros quadrados são obrigados a instalar para-raios, segundo norma técnica do Corpo de Bombeiros. O equipamento atua como um sistema de proteção contra relâmpagos, promovendo um caminho para que a descarga atmosférica possa fluir, sem danos, para o solo. O raio atinge o captor do para-raio e segue pelas descidas (cabos de cobre), sem tocar no prédio, até o chão, onde a energia é dissipada pelo solo. Segundo o professor de física Sales Ávila, a boa manutenção do equipamento garante segurança na área, já que o raio procura o lugar mais próximo das nuvens para descarregar energia. A responsável pela área de Normas e Procedimentos da Coelce, Keyla Sampaio, acrescenta também que durante a incidência de relâmpagos e trovões, a população deve desconectar os aparelhos da tomada, não manipular objetos metálicos, evitar o banho de chuveiro elétrico ou em praia, lagos e rios. ``Ficar embaixo de árvores ou de qualquer outro lugar que tenha a forma pontiaguda também é perigoso`, orienta Keyla. O QUE SÃO OS RELÂMPAGOS? O relâmpago é uma corrente elétrica muito intensa que ocorre na atmosfera com típica duração de meio segundo e típica trajetória com comprimento de 5 a 10 quilômetros. Ele é conseqüência do rápido movimento de elétrons de um lugar para outro. Os elétrons se movem tão rápido que fazem o ar ao seu redor iluminar-se, resultando em um clarão, e aquecer-se, resultando em um som (trovão). FONTE: DEFESA CIVIL E CORPO DE BOMBEIROS