Alucinógenos podem ser usados no tratamento de doenças psíquicas

Pesquisadores dos EUA fazem estudos com a psilocibina aposentado diz ter se curado de depressão com a substância. Pesquisadores dos Estados Unidos estudam usar substâncias alucinógenas, que alteram a consciência e provocam visões, como remédio para cuidar de distúrbios psíquicos como depressão, ansiedade e transtornos de compulsão A psilocibina foi descoberta pela ciência nos anos 1950 e banida nos anos 1960, em meio à febre das drogas psicodélicas. Agora, a substância, encontrada em mais de cem espécies dos chamados "cogumelos mágicos", foi redescoberta, legalmente, nos laboratórios. O aposentado norte-americano Clark Martin tentou psicanálise e remédios da medicina moderna, mas nada curava sua depressão depois de anos com um câncer no rim. O aposentado se ofereceu como voluntário em uma pesquisa da Universidade Johns Hopkins, uma das mais respeitadas dos EUA, e teve pela primeira vez uma experiência alucinante. No laboratório, recebeu uma cápsula com psilocibina, a mesma substância dos cogumelos, só que na forma sintética. Deitado, com uma venda nos olhos, passou seis horas ouvindo música clássica, em uma viagem completamente segura. "No começo é muito assustador, porque todas as imagens e representações da realidade são de certa forma desligadas, elas começam a se dissolver, e uma hora e meia depois eu estava completamente dentro desse vazio", diz Martin. A experiência do aposentado não foi como os relatos de usuários de alucinógenos, com cenas multicoloridas e formas estranhas. "Não vi cores, não tinha nenhuma sensação ou pensamento na minha cabeça, mas não me sentia drogado", diz ele, que conta que se livrou de sentimentos negativos e se sentiu em perfeita sintonia com pessoas queridas. Martin chorou muito durante o experimento e também na entrevista. "Você realmente sente as pessoas queridas. Chorei agora ao lembrar do sentimento que tive enquanto estava sob o efeito da substância. Minha filha... e todos os meus velhos amigos..." O aposentado parou de ter medo da morte e resolveu um enorme problema. "Eu era muito inacessível para a minha filha. Quando estava sob os efeitos da psilocibina, me dei conta de que o que ela precisava de mim não era orientação... era meu amor e minha compreensão." Mais de um ano depois, Martin não usou mais antidepressivos e não precisou repetir a experiência. Experimento A experiência que mudou a vida de Martin fez parte de um dos estudos mais importantes já feitos nos EUA com alucinógenos. Depois de 40 anos de proibição, um pequeno grupo de pesquisadores recebeu autorização para fazer estudos com essas substâncias. O dr. Charles Grob é responsável pela pesquisa com psilocibina na Universidade da Califórnia em Los Angeles. "Não temos uma droga milagrosa. Temos um modelo de tratamento que pode ser muito efetivo até mesmo em pacientes que não têm bons resultados com medicamentos convencionais", diz ele. "Da maneira que imagino - e estamos décadas distantes disso - haverá centros de tratamento onde as pessoas poderão ser auxiliadas em uma experiência com substâncias como a psilocibina", completa o pesquisador. Fonte: G1