Para realizar uma transfusão de sangue é necessário realizar exames para certificar que não existem doenças, como HIV e Hepatite C, e assim torná-la segura. O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) utiliza o teste com a técnica Elisa, a mesma usada em hemocentros espalhados pelo Brasil. Porém, o presidente da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, Carmino Antonio de Souza, frisou que os cearenses, assim como os brasileiros, não têm transfusões de qualidade diante da tecnologia existente no País. Carmino Antonio de Souza comentou que há mais de oito anos o Brasil conta com a comercialização do NAT, sigla em inglês para o teste de Ácido Nucléico, que dá agilidade ao processo de encontrar as doenças no sangue para a transfusão. Ele contou que método usado atualmente nos hemocentros, demora de duas a três semanas para descobrir se uma pessoa tem Aids e até seis meses para saber se tem Hepatite C, com o outro procedimento esse tempo reduz para uma semana e para cerca de duas semanas, respectivamente. “O teste Elisa mede a reação imunológica, pois existe um período em que o organismo, a partir da contaminação, reage para produzir anticorpos. A chamada janela imunológica. Já o NAT procura direto o vírus durante esse tempo, é um teste molecular, por isso reduz o tempo”, explicou. O presidente do ABHH destacou que o Governo tem que reconhecer que a transfusão realizada no Brasil não é segura. “Temos que assumir que estamos transmitindo doenças. Existe uma omissão. A transfusão de sangue no País poderia ser melhor”, disse. Procedimento caro A diretora geral do Hemoce, Luciana Carlos, através da assessoria de imprensa, comentou que Fortaleza não realiza o teste do NAT porque é um procedimento caro e o Ministério da Saúde não custeia. Ela garantiu que na próxima quarta-feira irá a Brasília para uma reunião onde uma das pautas a serem tratadas será o método mais rápido para detectar as doenças no sangue. O presidente da ABHH confirmou que o processo é caro, mas alegou que o Brasil tem condições para implantar esse procedimento no País. “É quase o preço de todo o equipamento para sorologia. O impacto da adesão do NAT não será forte já que somos a 8ª economia mundial”, ponderou. Carmino de Souza destacou três possíveis empecilhos que o Mistério da Saúde usa para não implantar o NAT. Primeiro é uma questão política, “podemos dizer que não se discute neste caráter e que tem decisões lentas e inseguras. O Brasil está atrasado”. Segundo é o técnico que os hemocentros brasileiros podem não ter estrutura para realizar esse processo, sendo assim “o Governo poderiam fazer laboratórios simples. Para que os hemocentros tenham uma referência, para depois, com o tempo, adéquarem-se”. Terceiro e último fator é o econômico. Fonte Jornal o Estado