Consumidores de baixa tensão terão aumento médio de 4,25% o consumidor cearense precisará refazer as contas do orçamento mensal para encaixar nas despesas fixas o reajuste tarifário anual da Companhia Energética do Ceará (Coelce), aprovado ontem (19) pela diretoria colegiada da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O aumento médio na conta de energia para os consumidores de baixa tensão (residencial, pequenos comércios, indústrias e rural) é de 4,24%. Já para os consumidores de alta tensão (industrial e comercial), a energia ficará 1,45% mais cara. O efeito médio a ser percebido pelos consumidores cativos da Coelce será de um reajuste de 3,41%. Para cerca de 1,7 milhão de consumidores de energia do Ceará que pertencem à classe residencial baixa renda, o reajuste percebido será de 0,92%. As novas tarifas entrarão em vigor a partir da próxima quinta-feira (22) e abrangem cerca de 2,8 milhões de clientes da Coelce, distribuídos nos 184 municípios cearenses. De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Roberto Macêdo, ainda não é possível saber qual será o impacto real desse reajuste, mas com certeza ele afetará as indústrias de alguma forma. “É um reajuste modesto, mas, pelos índices que já foram aplicados no passado, muito além do que deveria, eu esperava que esse resultado fosse negativo. Qualquer coisa que venha a mais vai onerar o produto e pode fazer as indústrias perderem um pouco de competitividade. Em alguns setores, o custo da energia corresponde a cerca de 35% do preço do produto, então esse aumento pode afetar significativamente o setor”, avalia. O reajuste tarifário anunciado pela Coelce também traz preocupação para o comércio local. Segundo o superintendente da Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio), Alex Araújo, o aumento tem impacto direto no setor e também no orçamento dos consumidores de forma geral, uma vez que a energia elétrica é um insumo básico cada vez mais demandado em função de fatores como a ampliação de aparelhos elétricos e o clima do Estado. “Nós ainda estamos sofrendo o gosto amargo do elevado aumento realizado pela Coelce no ano passado, que ficou em torno de 19%. Em 2010, o fato de o aumento ser menor que a inflação acumulada no ano já é um alento. Mesmo assim, sempre há um custo, principalmente para os consumidores de baixa tensão, para quem o aumento foi maior. Isso amplia o comprometimento da renda dos consumidores com custos dos quais ele não pode fugir, significando menos recursos que circulam na economia local”, avalia. CONSUMIDORES RESIDENCIAIS SERÃO OS MAIS AFETADOS. Com um aumento médio de 4,24%, os consumidores de baixa tensão, representados principalmente pelas residências, serão os mais afetados com o reajuste tarifário da Coelce. Para arcar com a elevação das despesas fixas, muita gente precisará economizar na energia. “Acho que esse reajuste vem em péssima hora, pois tudo está aumentando ao mesmo tempo. A taxa de iluminação pública na minha casa já é bem cara por causa do consumo, que é elevado. O primeiro passo será cancelar os seguros, doações e outras taxas que vêm junto com a fatura, para depois maneirar no consumo. A única coisa que não abriremos mão lá em casa será o ventilador, mas precisaremos economizar no resto”, afirma a técnica em enfermagem Maria Ozeni Faustino. CÁLCULO As tarifas anunciadas pela Coelce já incorporam os efeitos da nova metodologia proposta no Termo Aditivo aprovado pela Aneel na reunião de diretoria do dia 2 de fevereiro deste ano. A nova metodologia busca assegurar a neutralidade dos encargos setoriais, evitando que as variações de mercado gerem receitas indevidas ora a concessionárias ora a consumidores. Os percentuais aprovados de reajuste da distribuidora refletem, entre outros fatores, a variação do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), índice previsto no contrato de concessão para mensurar a inflação no período, o aumento do custo de encargos do setor, como a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) e os gastos com os subsídios de irrigação, aquicultura, fontes incentivadas e Baixa Renda. Ao calcular os índices de reajuste, a Agência considera a variação de custos que a empresa teve no decorrer do período de referência. A fórmula de cálculo inclui custos típicos da atividade de distribuição, sobre os quais incide o IGP-M, e outros custos que não acompanham necessariamente o índice inflacionário, como energia comprada de geradoras, encargos de transmissão e encargos setoriais. Fonte: oestadoce