As investigações que culminaram na realização da Operação Asafe, realizada pela Polícia Federal e acompanhada pelo Ministério Público Federal nesta terça (18), ainda não foram concluídas e toda a documentação apreendida vai ser remetida ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde serão analisadas pela ministra Nanci Andrigy, relatora do caso. Como o processo corre sob segredo de Justiça, praticamente nenhuma informação foi revelada pelo superintendente da PF Valmir Lemos e pelo delegado federal Carlos Eduardo Fistarol. Entre as pessoas ouvidas está a ex-juíza do Tribunal Regional Eleitoral, Maria Abadia Aguiar. Ela revelou, em entrevista a jornalistas, que as investigações giram em torno, principalmente, das decisões do TRE que reconduziram o marido da deputada Chica Nunes (DEM), Marcelo Ribeiro (PP), ao posto de prefeito de Barão de Melgaço e que, por algum tempo, asseguraram também a Diane Alves (PR) o cargo de prefeita de Alto Paraguai. Diane assumiu provisoriamente a prefeitura depois que Adair José Alves Moreira (PMDB) teve o mandato cassado por compra de votos. Posteriormente, ele conseguiu reverter a decisão. O nome de Maria Abadia foi citado em uma ligação telefônica, feita pelo marido de Diane, Alcenor Alves de Souza, que foi preso pela PF. Ele teria dito que precisava de dinheiro para fazer lobby junto à magistrada. "Meu nome foi citado indevidamente. Se alguém vendeu ou comprou não fui eu. Não recebi nada", afirmou, instantes após prestar depoimento. Já sobre o caso envolvendo Marcelo, que também foi cassado por compra de votos, a juíza entendeu que era justa a recondução dele ao cargo. "Perguntaram sobre dois outros processos, mas como só me falaram os números eu não consegui me lembrar. Não sei do que se trata", afirmou a magistrada, instantes após ser liberada. Além dela, também foi visto na sede da PF o juíz-membro do TRE Eduardo Jacob. Em entrevista, ele confirmou que agentes federais cumpriram mandado de busca e aprensão em sua residência às 6h. "Levaram os computadores do meu filho e meu", relata. Um revolver também foi apreendido e, como ele não tinha registro ou porte da arma, resolveu doá-lo à PF. "Era uma arma antiga e já vim aqui efetuar a doação", afirmou Jacob, que negou ter sido chamado para prestar esclarecimentos. Já o ex-jui do TRE, Renato Vianna, foi ouvido pelos agentes e liberado posteriormente. Os mandados de busca e aprensão foram cumpridos em Cuiabá, Várzea Grande e Alto Paraguai. Em princípio havia a informação de que os cerca de 130 agendes teriam apreendidos documentos no Tribunal de Justiça e no Tribunal Regional Eleitoral, mas a PF nega. "Só estivemos em casas e escritórios de advogados. Nenhuma instituição foi visitada", garantiu o superintendente da PF. Documentos e computadores foram recolhidos na casa de desembargadores e juízes. Como o processo corre sob sigilo, a PF não revelou o nome de nenhum dos presos. Por enquanto, 8 pessoas foram detidas e uma ainda está foragida. Trinta mandados de busca e aprensão foram cumpridos e outras 40 pessoas estão sendo ouvidas. Integraria a lista de detidos o advogado André Castrilho, a esposa do desembargador aposentado Tadeu Cury, Célia Cury, e o seu genro, Cláudio Emanuel Camargo, que é empresário em São Paulo. Jarbas Nascimento, advogado e ex-assessor do desembargador aposentado também teria sido preso. Tadeu Cury foi um dos 10 magistrados punidos pelo CNJ pelo suposto desvio de R$ 1,5 milhão para a maçonaria. A Polícia Federal iniciou as investigações, que culminaram na Operação Asafe, em 2007, quando agentes federais investigavam denúncias em Goiás. "Houve indícios de que pessoas estariam praticando exploração de prestígio em Mato Grosso, por isso, as investigações foram realizadas", relata o delegado. Um dia antes da realização da operação, o presidente do TJ, José Silvério, e o da OAB, Cláudio Stábile, foram avisados da ação. O procedimernto é necessário porque envolve membros das duas instituições. "A investigação não termina aqui. Poderão haver mais medidas", ressaltou o superintendente da PF (15h30) - Ministra Nanci diz que processo é sigiloso e não fala sobre operação A ministra do STJ Nanci Andrigy, relatora do caso, não vai se pronunciar, ao menos por enquanto sobre a operação Asafe, realizada pela Polícia Federal em Cuiabá nesta terça (18). Por meio da assessoria de comunicação, Nanci informou que não pode dar detalhes do processo e que ainda não tomou conhecimento sobre o teor dos depoimentos e dos documentos aprendidos pela PF em Cuiabá. Fonte: RDNEWS Veja