São tantos e tão frequentes os casos de corrupção, em todas as esferas e escalões da política brasileira, que a indignação causada pelo crime contra o dinheiro público pode acabar diluindo-se pelo efeito da repetição. Quase diariamente os brasileiros tomam conhecimento, por meio da imprensa, de outro desvio, outra fraude, outro esquema. Um impressionante estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), divulgado há poucos dias, chegou à estimativa de que a corrupção movida por políticos e grupos de interesses desvia aproximadamente R$ 41,5 bilhões anuais. Para que a população pudesse ter noção do que esse valor colossal representa, a Fiesp simulou os benefícios que a aplicação do dinheiro traria a determinados setores da economia. Por exemplo, a educação. Com R$ 41,5 bilhões, seria possível aumentar o número de estudantes matriculados na rede pública de ensino básico de 34,5 milhões para 51 milhões. Ou seja, um acréscimo de quase 50% de crianças e adolescentes tendo a oportunidade de aprender e crescer na vida. E como essa montanha de dinheiro poderia contribuir para a expansão do saneamento básico? De acordo com estimativas do governo federal, 22,5 milhões domicílios têm acesso a esgoto. Outros 23,3 milhões de casas poderiam receber esgoto, caso os bilhões desviados fossem investidos na área. A próxima simulação é de causar revolta a todos os brasileiros que sofrem na hora de procurar atendimento da rede pública de saúde. Os R$ 41,5 bilhões roubados pela politicagem poderiam acrescentar 327 mil leitos para internação aos existentes atualmente. Seria um aumento de 89% na quantidade de leitos. Aí estão os números estarrecedores para mostrar o quanto o Brasil perde todos os anos no ralo da corrupção. Fonte: Oestadoce