O Senado precisa de um exorcista


O “Diabo”, o “Tinhoso”, o “Coisa Ruim”... É bicho malicioso e enganador. Mestre da desagregação e da trapaça, com astúcia incomparável manipula e corrompe, sempre com a ajuda dos maus, dos perdedores, dos invejosos. Não atua jamais às claras; trabalha na sombra para inviabilizar a convivência pacífica das pessoas de bem; e sempre se fortalece quando os incautos negam sua existência. “A astúcia mais perfeita do Demônio”, advertia Charles Baudelaire, “consiste em persuadir-nos de que ele não existe”. Negar a existência e a ação do Maligno, portanto, é o grande erro que assegura o seu poder sobre nós. É apenas esta a verdadeira razão da crise atualmente construída contra o Senado Federal da República. A desagregação infernal vivida pela Casa tem o cheiro do enxofre emanado de um endereço certo: o atual governo tucanóide paulista. José “Lúcifer” Serra é o demônio que anda assombrando a paz e a tranqüilidade necessárias para o pleno funcionamento da democracia, com a colaboração prodigiosa de seus diabinhos serviçais de sempre. O que o Senado Federal precisa, portanto, é de um exorcista. A constatação tem fundamento porque José Serra tem dois problemas para se viabilizar como candidato à Presidência. Precisa tentar desconstruir a persistente popularidade de Lula e inviabilizar o apoio do PMDB ao presidente. E o símbolo do apoio responsável do PMDB à governabilidade de Lula chama-se José Sarney. Tentar atacar Lula, nos patamares em que o presidente se encontra hoje junto à opinião pública, seria suicídio político. Por isso, Serra, nos últimos dias, está tendo que elogiar alguns pontos do governo federal, como fez com a questão da diminuição do IPI. Resta-lhe, portanto, a opção desesperada de tentar desagregar a base política de sustentação de Lula no Congresso. Ele sabe que o PMDB se fortaleceu mais ainda nas urnas nas eleições municipais no ano passado. E conquistou as presidências da Câmara e do Senado, neste ano. O que acontece é que Serra, chefe de decaídos como Jarbas Vasconcelos, precisa desagregar o partido, fazê-lo fraco e distante de Lula. Mas, existem dois PMDBs. O de Sarney, confiança pessoal de Lula, e o de Temer, que já teve boas relações com o Capeta tucano no passado recente. O que o “Demo” quer é exatamente enfraquecer Sarney e fortalecer a ala de Temer. Por isso, mandou que os seus empregadinhos batessem não na Câmara dos Deputados, mas no Senado. Claro! Ou será outro o motivo pelo qual a Câmara quase que desapareceu dos holofotes golpistas da mídia amestrada nos últimos dias?