Já virou rotina. Semanalmente, o deputado Ely Aguiar (PSDC) ocupa a tribuna da Assembleia Legislativa para criticar as decisões tomadas pelo secretário de Segurança Pública e Defesa Social, Roberto Monteiro. Ontem, porém, o desfecho foi bem desagradável. Depois de dizer que a área estava sendo comandada por “baratas tontas”, o parlamentar levou a pecha de vulgar, sensacionalista e apelativo. O revide foi encabeçado pelo líder do Governo na Casa, Nelson Martins (PT), e, de pronto, endossado pelo vice-líder Roberto Cláudio (PSB) e por Artur Bruno (PT). Os três acusaram Ely Aguiar de tentar derrubar o secretário. Detalhe: o parlamentar é de um partido da base de apoio ao governador Cid Gomes (PSB). E foi esse o principal motivo da revolta dos aliados ao Palácio Iracema. A declaração de que “bandido bom é bandido morto” também revoltou os petistas e o socialista. Todos corroboram com a tese de Roberto Monteiro de resguardar a integridade física dos acusados até que o envolvimento deles nos crimes aos quais são apontados como autores/comparsas seja comprovado.Chula A troca de ofensas foi motivada por conta do assalto envolvendo a empresária Marcela Montenegro – 34, na noite dessa segunda-feira, no bairro Cidade 2000. Ela foi baleada na cabeça, após sair de uma reunião na igreja a qual era congregada. Nos últimos dois meses, foram registrados 265 assassinatos no Estado. Só no último final de semana, foram sete homicídios. “Temos uma segurança chula que não atende às necessidades da população. Colocaram baratas tontas para cuidar da Secretaria de Segurança”, disparou Ely. O deputado até tentou justificar o pronunciamento dizendo que os casos de pistolagem no Estado aumentaram e, por isso, o Governo precisa tomar medidas mais enérgicas no combate ao crime organizado. Mas não teve jeito. Em resposta – e já ausente do plenário, Bruno contrapôs: “vossa excelência falou de maneira vulgar”. Roberto Cláudio emendou: “a fala de vossa excelência foi sensacionalista e apelativa. Parece-me que a indignação do Ely é diretamente proporcional à firmeza do secretário em garantir os direitos individuais e constitucionais”. Já Nelson preferiu listar os pacotes de bondades liberados pelo Executivo para o setor. Segundo ele, os investimentos em segurança aumentaram desde que Cid Gomes assumiu o Palácio Iracema. MILHÕES E MILHÕES Em 2007 – primeiro ano de administração, foram R$ 64 milhões; em 2008, R$ 74 milhões; em 2009, R$ 205 milhões; e, para 2010, a previsão é menor: R$ 156 milhões. Conforme o líder governista, isso resultou um total de 8.026 prisões efetuadas pelo Programa Ronda do Quarteirão somente em janeiro deste ano. A apreensão de armas de fogo chegaram a 2.066. “Não dá para discutir isso com uma análise simplista de que, sozinho, o secretário vai conseguir resolver o problema da insegurança com uma varinha de condão. Sua visão é atrasada e estreita”, tachou Nelson. Fonte O estado Veja Matéria